domingo, 11 de março de 2012

94: Aprender a jogar ao prego na praia com os pais










(...) Ser pai não é apenas saber, ser pai é compreender. Por isso, espero que possas reler estas palavras num dia em que sejas pai também. Eu, que sou o teu pai, tive um pai e tive um avô. Tão bem como eu sei que o meu pai era uma pessoa, quando fores pai, saberás que eu, aquele que hoje te escreve e aquele que há duas semanas começou a viver paralelo a ti, sou uma pessoa. De mim, espera amor e espera uma pessoa. Como as pessoas, às vezes, engano-me, não sei respostas, tenho medo, tenho frio, minto, faço coisas feias, desisto, escondo-me e fujo. Eu compreendo que tu irás enganar-te muitas vezes, não saberás respostas, terás medo, terás frio, mentirás, farás coisas feias, desistirás, esconder-te-ás e, quando todos te procurarem, terás fugido. Eu compreendo-te. (...) E obriga-me a jurar que nunca deixaremos crescer entre nós um pudor que impeça de nos abraçarmos, de nos beijarmos, de passarmos os dedos pelas faces um do outro. Pai e filho. Eu sou o teu pai. Tu és o meu filho.

Excerto do texto "Pai e filho", José Luís Peixoto.

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Ao Pai do Afonso, ao Pai do Bernardo, ao Pai da Marta e Leonor, ao Pai que vai partir, ao Pai que se foi embora, ao Pai que pediu para lhe contar histórias, ao Pai emprestado.

Fotos: RF e RA

1 comentário:

  1. Texto integral:

    http://depedraecal.bloguepessoal.com/235066/Pai-e-filho-de-Jose-Luis-Peixoto/

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